Brasil de Flato, o blog

sexta-feira, junho 30, 2006

Galvão Bueno, o verdadeiro herói brasileiro


Brecht disse "triste o país que precisa de heróis". Uma frase sábia, obviamente, mas há uma frase ainda mais sábia, muito mais antiga, de autor desconhecido, que consiste em dizer: toda regra tem uma excessão. E a excessão da regra de Brecht mora nas terras que os portugueses chamavam de Província de Santa Cruz.
Enquanto outras nações exaltam seus passados cheio de tiros e sangue, o Brasil é abençoado por ser uma nação de índole eternamente pacífica, nação dotada de imensas belezas naturais, como as prais, as florestas e os passarinhos, além de ter um povo alegre, hospitaleiro e cheio de manhas com a bola e com o pandeiro. Nossos povo não se orgulha de guerras do passado, uma vez que guerras provocam dor e sofrimento. Nos orgulhamos de nossas conquistas nos campos e nas pistas, onde mostramos nossa habilidade, nossa inteligência e nossa criatividade.
Mesmo devendo agradecê-los por seus grandes feitos, a nação precisa reconhecer que os maiores heróis não são Nelson Piquet, Ayrton Senna, Romário e Ronaldo. Porque se fossem apenas eles, suas conquistas não teriam significado para a nação como um todo, não haveria o efeito mobilizador, a criação do orgulho de ser brasileiro, de pertencer a uma nação miscigenada hospitaleira livre de qualquer preconceito. Pilotos e jogadores teriam relevância apenas para eles mesmo e suas respectivas famílias se não fosse a garganta de Galvão Bueno, este sim, o verdadeiro herói nacional. Assim como Adolf Hitler, Benito Mussolini e Fidel Castro, Galvão Bueno mobiliza uma nação inteira com o poder da voz, mas ao contrário dos outros três, o locutor faz isso para o Bem, e não para o Mal. Galvão Bueno faz o povo vibrar com as vitórias e chorar com as derrotas, mas mesmo com o Brasil perdendo, Galvão Bueno tem o poder de manter o povo brasileiro de cabeça erguida, mostrando que derrotas são passageiras, mas que o Brasil foi, é e sempre será uma nação gloriosa. Grande parte do povo sofrido, que poderia seguir o caminho das drogas e da criminalidade, desiste de trilhar o caminho do Mal, quando assiste a uma partida de futebol e aprende com Galvão Bueno o quanto é gratificante morar em um país cinco vezes campeão do mundo.
Galvão Bueno ensina não apenas o patriotismo cívico, como também a fazer um bom uso, sem xenofobia, sem ódio ao outro. É por isso que enquanto o racismo tanto prejudica o futebol europeu, nada disso ocorre no Brasil. Aqui, os brancos, negros, pardos, índios e asiáticos convivem alegremente e com harmonia. Por que para Galvão Bueno, o esporte deve ser um meio para a paz entre os povos, o progresso da humanidade e o fim da maldade no mundo.
Além de tudo isso, devemos destacar ainda que contrariando a visão de boa parcela da intelectualidade, de que o futebol está associado à baixa instrução, Galvão Bueno é um homem dotado de imensa erudição e transforma os jogos da Copa do Mundo e as corridas de Fórmula 1 em verdadeiras aulas de conhecimentos gerais, em que o telespectador aprende cultura e costumes do país que sedia o evento, dos países dos competidores, do significado dos gritos de guerra das torcidas estrangeiras. Isto mostra o quanto Galvão Bueno considera importante a educação para a edificação da nação.
O Brasil seria uma nação triste, pararaseando mais uma vez Brecht, se tivesse apenas heróis tão impopulares como Dom Pedro I, Duque de Caxias e Marechal Deodoro da Fonseca. Mas nossa alegria é ter um herói nacional da magnitude de Galvão Bueno.

quarta-feira, junho 28, 2006

Seis campeões entre os oito: natural ou artificial?

Parece que em todas as Copas existem alguns resultados decididos fora de campo. Porque algumas cagadas de arbitragens são tão grosseiras que é difícil imaginá-las como meros erros humanos. É meio óbvio que na Copa de 2002 queriam a todo custo colocar a Coréia do Sul o mais longe possível, e conseguiram, roubando a Itália e a Espanha. Só não deu contra a Alemanha.
Parece que em 2006, a intenção era ter jogos decisivos entre seleções tradicionais. A Austrália foi descaradamente garfada, com aquele penalty extremamente mal cavado. O Branco contra a Holanda em 1994 cavou muito mais bonito, até que tinha dado pra enganar sem replay. Mas já o italiano foi grotesco. Tudo bem que, conforme foi dito, a Itália foi assaltada na Copa passada, mas a Austrália nada tinha a ver com isso (apenas o técnico holandês que parece o Ferreirão, bem feito pra ele). Quanto ao jogo Brasil e Gana, a arbitragem não interfiriu no vencedor, afinal se não fosse validado o gol impedido do Adriano, seriam dois a zero. Mas ficou óbvio que se fosse necessário, teríamos a ajuda. Isto porque o árbitro intimidou a defesa de Gana com cartões desnecessários, atrapalhando o jogo deles. Para manipular esse tipo de jogo, nem precisa errar claramente no apito. Basta adotar para ambos os lados um critério extremamente rigoroso de cartões que a equipe mais pesada será prejudicada.
Já a Alemanha, não precisou de nenhuma ajuda, uma vez que a natureza já dá conta de parar a Suécia. A Argentina foi a excessão, já que teve um gol legítimo anulado nos acréscimos. E a França fez o segundo gol a partir de uma falta que não houve (q que gerou um cartão para o Puyol).
Agora temos os seis campeões ainda remanescentes, temos os seis lanches do McDonald´s. Só falta o Uruguai, que nem entre os 32 conseguiu ficar. Mais artificial que os alguns resultados de jogos, só os ingredientes dos lanches. Comi o McInglaterra e o McArgentina. Nada melhor do que o Mc pode oferecer.

sexta-feira, junho 23, 2006

Números da primeira fase da Copa

7: O número de pênaltis não marcados para seleções africanas (dois para Togo, dois para Gana, dois para Costa do Marfim, um para Tunísia)
2,44: A média de gols da primeira fase, maior apenas que na Copa de 1990, com média de 2,2. A de 2006 pode terminar pior, porque no mata-mata costuma ter menos gols. Mas a qualidade de um jogo e de um torneio não se mede necessariamente pelo número de gols.
3: Seleções sul-americanas entre os 16. Não seria justo que fossem 6 entre as 32? Minha idéia é ter 8 classificados na América toda, não importando se é Norte, Central ou Sul.
6: Ex-campeões nas oitavas-de-final. Sinal de que esta Copa não está dando chance para zebras. Tanto que 4 africanos já arrumaram as malas e tomara que o quinto arrume logo.
1: Grupo que terminou com a classificação bem comportada, tendo como ordem de pontos o 9, 6, 3, 0. Isto ocorreu apenas no grupo A.
Incontável: O número de vezes que Galvão puxou o saco do Ronaldo.
Incontável: As cagadas da arbitragem. Além dos pênaltis não marcados para as seleções africanas, teve o gol com puxão de cabelo da Inglaterra, o gol impedido do Equador, o gol golpe de judô do Japão contra a Austrália, o pênalty não marcado para o Japão no mesmo jogo, o croata dos três cartões amarelos, a roubalheira pra Ucrânia contra a Tunísia, fora isso não lembro mais.

Inversão esquisita

1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e assim por diante são anos de Cópula e de Ereções. Até aí tudo bem. O problema é que primeiro acontece a Cópula (em junho) e depois as Ereções (só em outubro). A ordem temporal dos eventos não está invertida?
Explicação da anedota: Houve um trocadilho devido ao fato de Copa ser parecido com Cópula e Eleições ser parecido com Ereções. Nos anos citados aqui no Brasil, acontece a Copa antes das Eleições. O efeito cômico vem dessa ironia, uma vez que no ato de amor físico, a cópula só pode acontecer depois da ereção. Isto porque cópula envolve pinto na buceta e para o pinto entrar, ele precisa estar duro.

domingo, junho 18, 2006

Homenagem a Bussunda

O Brasil perde um grande humorista e o Brasil de Flato perde um grande inspirador! Comecei fazendo humor político no longínquo ano de 2000, no zine O Bobo, junto com meus companheiros de colégio. Nossas maiores inspirações era a finada Revista Bundas, feita pelos ex-integrantes do Pasquim, e os zines punks, mas havia um pouco de influência do Casseta & Planeta. Ao contrário do programa global, éramos de esquerda, mas nunca sacrificamos nosso humor para evitar chateações de aliados políticos nossos. E sempre adorei os trocadilhos de duplo sentido, como o "você chegou há pouco de fora". Em minha carreira humorística solo, no Brasil de Flato, adquiri mais ainda influências do Casseta, se comparado aos tempos do Bobo.
Claudio Besserman Viana, o Bussunda, nasceu em 1962. Aos 12 anos se filiou ao PCB, devido ao fato de ter sido de uma família de comunistas. Cansou-se desta vida, cansou do movimento estudantil aparelhado por partidos e aos 18 anos, saiu do Partidão. Participou da Casseta Popular nos anos 80, colaborou com a TV Pirata e em 1992, o Casseta & Planeta estreou na Globo. Era um programa mais engraçado nos primeiros anos, no tempo que era mensal, mesmo assim tinha algumas coisas bem engraçadas. Bussunda conseguia ser idêntico a pessoas completamente diferentes, como Lula, Ronaldo e Vera Fisher.
Além de humorista, Bussunda era grande entendedor de futebol e conseguia conversar seriamente sobre política. Por algumas entrevistas dadas, mostrou-se adepto em maior grau do PSDB, sendo ainda um pouco simpatizante do PT. Posições diferentes da linha editorial do meu Brasil de Flato, porém, mantenho grande respeito, pelo fato do humorista ter boas explicações para seu posicionamento. É verdade que nos últimos anos o Casseta foi um pouco partidário, fazendo sátiras bastante suaves a FHC (apenas trocadilhos com o nome e piadas sobre o hábito de viajar), pegando pesado com Garotinho (pessoa pela qual não tenho tanta admiração) e poupando o Chuchu. Mas o programa nunca abandonou humor por causa de política.
E uma curiosidade: o irmão do Bussunda já foi presidente do IBGE. Carreiras diferentes, não?
Por fim, descanse em paz Bussunda, ao lado de Mussum e Zacarias!

sexta-feira, junho 16, 2006

Impressões sobre a Copa do Mundo

Depois de uma semana de competições, aqui vão meus primeiros comentários sobre o Mundial.

Em primeiro lugar, gostaria de falar sobre meus prognósticos. Errei feio em alguns, como o de que a Costa Rica se classificaria e o Equador não e o de que a Ucrânia ficaria em primeiro no grupo H. Muito provavelmente errarei a classificação na Holanda no grupo C, uma vez que a Argentina está com tudo. Aliás, nunca tinha visto uma seleção fazendo um jogo tão espetacular em uma Copa. E como tanto nossos hermanos, quanto os carcamanos começaram muito bem, minha previsão de final entre Itália e Argentina continua viva.

Em segundo lugar, os pontos altos e os pontos baixos desta Copa até aqui.

Pontos altos
Estádios lotados: Até Tunísia e Arábia Saudita, o clássico-bomba, teve casa cheia. Tudo bem que isto também ocorreu nos EUA em 1994, mas nesta Copa, os estádios estão cheios de torcedores uniformizados e não de meros curiosos.
Localização na Europa: EUA e Japão são países desenvolvidos, mas com pouca tradição de futebol. Brasil e Argentina são subdesenvolvidos, mas com muita tradição e torcida. A África do Sul, sede de 2010, combina a falta de tradição com a falta de desenvolvimento. A Alemanha combina tradição, fanatismo da torcida, progresso e organização. Além de tudo, é próxima de outras torcidas na Europa. Outra vantagem da Europa é o fuso-horário amigável para todo o globo (esta é a única vantagem que a África do Sul também vai ter).
Argentina e Itália: Os favoritos que melhor jogaram até aqui. Fortes candidatos ao título.
Espanha e Equador: Os não-favoritos com melhor desempenho.

Pontos baixos
Baixa média de gols: A média da primeira rodada foi de 2,4 gols por partida, menos pior apenas que 1990. Muitos jogos sonolentos.
Péssimas arbitragens: Embora tenha ocorrido muitos pênaltis nesta Copa, apenas um foi apitado. Gols inexplicavalmente validados, como o primeiro da Inglaterra contra Trinidad & Tobago.
Grupo B: Grupo da Inglaterra, Suécia, Trinidad & Tobago e Paraguai. Quatro jogos sonolentos até agora.
Sérvia e Montenegro: Esta seleção está uma Bósnia.
Inglaterra: Muito barulho pra pouco futebol até agora.
Ronaldo: Nem precisa falar por quê.
Excesso de seleções da África, Ásia e América do Norte & Central: Isto cria clássicos explosivos, como Arábia Saudita e Tunísia, ou jogo dos extremos biláulicos, como Coréia do Sul e Togo. Poderia existir menos cota fixa por continentes e mais disputas entre seleções de continentes diferentes em eliminatórias.

Em terceiro lugar, observações sobre a terceira rodada. Anotem meu comentário (a data de divulgação no blog serve como prova): se a Alemanha não ganhar do Equador, e conseqüentemente terminar em segundo lugar, a Inglaterra muito provavelmente entregará o jogo para a Suécia, para ficar em segundo também e escapar do confronto com os anfitriões. Isto pode ser feito porque os jogos do grupo A serão realizados na terça às 11h (horário de Brasília) e do grupo B, às 16. É possível até que a Alemanha fique em segundo de propósito, para escapar de um confronto com a Argentina nas quartas.