Brasil de Flato, o blog

segunda-feira, outubro 30, 2006

Os perigos do voto distrital

Passadas as eleições, a atenção se volta para a reforma política. Um dos ítens propostos por nove em cada dez comentaristas políticos, e também por papagaios de comentaristas políticos, é o voto distrital. De acordo com este sistema, os Estados seriam dividos em distritos e cada distrito elegeria seu deputado por votação majoritária simples. Os defensores dizem que este sistema cortaria custos de campanha, uma vez que os candidatos não teriam que fazer campanha no estado inteiro, e facilitaria a cobrança feita pelo eleitor, porque os deputados seriam mais conhecidos em sua localidade.
Estas vantagens, se existem, são muito menores do que as enormes desvantagens existentes no sistema de voto distrital. A primeira é a eliminação do debate de temas nacionalmente relevantes no período eleitoral. Para serem reeleitos, os deputados teriam que mostrar as benfeitorias realizadas para seus distritos através de emendas parlamentares. Os deputados, não seriam mais defensores de classes sociais ou de grupos de interesse, mas de localidades. O debate político seria praticamente extinto, idéias dos candidatos seria irrelevante, o interesse da eleição seria voltado àquele que construiu mais creches e quadras esportivas no bairro. A Câmara Federal se transformaria em Câmara Municipal. A segunda desvantagem é o bloqueio à representação de minorias. Democracia não pode ser vista como tirania da maioria. Um candidato, cuja a bandeira é a defesa dos direitos dos homossexuais, por exemplo, tem votos suficientes para ser eleito pelo sistema proporcional, porque existem homossexuais e simpatizantes difusos em um estado em um país. Mas dificilmente teria a maioria em um distrito específico. O mesmo ocorre com deputados cujas bandeiras são específicas, como meio ambiente, redução de impostos ou educação. Sua base eleitoral não é concentrada em apenas uma localidade. Destaca-se também os deputados nacionalmente conhecidos, como Fernando Gabeira, que não tem seu eleitorado geograficamente restrito.
Para atenuar estes problemas citados, alguns políticos defendem o voto distrital misto (sistema alemão), que se difere um pouco do voto distrital puro (sistema norte-americano). Com o sistema misto, metade do Parlamento é eleito pelo voto distrital e a outra metade é eleita pelo voto proporcional partidário com lista fechada. Cada eleitor vota duas vezes, uma para o candidato do seu distrito, outra para o partido. O voto distrital misto funciona muito bem na Alemanha, mas pode ter dificuldade de se adaptar à complexidade da sociedade brasileira, que habita este território gigante. De qualquer forma, para ser aplicado aqui, o voto distrital misto é menos pior que o puro. Alguns defensores do voto distrital puro, como o ex-presidente FHC e o colunista Roberto Pompeu de Toledo, dizem que o sistema alemão é muito complexo e o eleitor brasileiro seria incapaz de entendê-lo. Argumentos estúpidos como este mostram como é difícil defender a aplicação do voto distrital puro no Brasil.
O atual sistema brasileiro, proporcional com lista aberta, tem inúmeros defeitos, como a possiblidade de um Enéas eleger ilustres desconhecidos de seu partido. Mesmo assim são defeitos menos piores do que os existentes em um sistema de voto distrital. Não existe sistema eleitoral perfeito, o importante é escolher o que mais se adapta ao país. E o proporcional com lista aberta é bastante democrático em um país muito complexo, onde existem muitas divergências entre regiões e entre classes sociais. Assim como o sistema alemão, o brasileiro combina as vantagens de uma eleição proporcional e majoritária. O eleitor tem a opção de votar conforme sua ideologia, na legenda ou em um candidato nacionalmente conhecido, e a opção de votar de acordo com os interesses de sua comunidade.
Obviamente o Legislativo brasileiro é repleto de defeitos. Mas a reforma política deve ter como foco o financiamento público de campanhas, a fidelidade partidária e o combate às legendas de aluguel. A proibição de showmícios, propaganda em poste e carro de som já foi um avanço, porque reduziu a demanda por caixa-dois.

terça-feira, outubro 24, 2006

Os dietéticos

segunda-feira, outubro 09, 2006

Lula venceu o debate

Isto não tem a menor relevância. Todos falam que seu candidato venceu o debate, assim como todos falam que o hino mais bonito é o do próprio time. Na enquete do portal do Estadão, 75% dos votantes acham que Alcaimin foi melhor. Bom, acredito que quase todos os participantes sejam paulistas. E essa deve ser a proporção de preferência eleitoral de paulistas com internet em casa.
Mas por que Lula foi melhor, além do motivo óbvio de eu votar nele e portanto dizer que ele foi melhor? Porque o disco de Alcaimin estava riscado. Mensalão, dossiê, "governo duro com o Francenildo", avião e ausência de Lula nos debates do primeiro turno são coisas que todos estão tão carecas quanto o Alcaimin de saber. Já o sugestivo número de 69 CPIs bloqueadas, incluindo a da Febem e do Rodoanel pode também ser disco riscado, mas de menor conhecimento dos telespectadores. A troca de acusações pode ter influenciado um ou outro indeciso a pensar "tudo bem, os dois não são santos, mas o governo Lula não foi mal (pode até ter sido, mas Lula conseguiu demonstrar realizações em todas as áreas no debate) e ninguém sabe o que Alckmin pretende fazer".
Todas as vezes que Alcaimin tentava ser engraçado, como por exemplo o comentário sobre a leitura de números, acabava levando a pior.
Eu achava que Lula iria cometer uma gafe gigantesca, como é seu hábito em debate e discursos improvisados. Para surpresa positiva, não cometeu. Apenas se embaralhou um pouco com números, trocando 170 por 170 mil e dizendo a sandice de que nunca o Brasil cresceu tanto. Poderia ter dito "nunca o Brasil cresceu tanto nos últimos 25 anos". Alcaimin também se embaralhou com números, dizendo que o Brasil investiu apenas 0,4% do PIB. O Brasil investiu na faixa dos 19% do PIB, pouco para um país que quer crescer, mas é bem diferente de 0,4%. Esta pode ter sido a porcentagem de investimento do governo central. Quanto ao apagão, explicado pela falta de chuvas (ou recursos hídricos, tucanando o termo), não foi gafe. Foi delírio e desonestidade.
A principal falha de Lula foi não ter se defendido adequadamente em relação ao avião. Bastava ter dito que presidente precisa se deslocar para representar o país lá fora, que o avião anterior estava obsoleto e que o peso no orçamento é irrelevante.
O debate foi ruim como qualquer debate. Discutir construção de hospitais e programas sociais localizados é coisa de eleição para prefeito. Faltou mais discussão sobre diferença de projeto de país. Mas não foi decepcionante, esperava um debate até pior. Bom ou ruim, debate tem pouca relevância na influência da decisão do voto.

sábado, outubro 07, 2006

Deputado do PFL denuncia corrupção no governo Alckmin

Em entrevista concedida no dia 29 de maio de 2006 à Agência Carta Maior, o deputado estadual pelo PFL José Caldini Crespo denuncia corrupção no governo de Geraldo Alckmin. E reiterando, nesta campanha, pretendo discutir quem tem melhores propostas de política macroeconômica, política industrial, política social, política externa, política cultural, política educacional etc. Mas devido a turma do "tá, mas Lula é corrupto, elegê-lo seir auma vergonha ao país", o blog mostrará sistematicamente o quanto é santinho o adversário.
ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE?
PFL denuncia: “Houve corrupção no governo Alckmin”
Que o casamento PSDB/PFL está em crise não é segredo. Em são Paulo, porém, o aliado de longa data do PSDB, o deputado estadual pelo PFL-SP, José Caldini Crespo, traz a lavanderia para as ruas, expõe a roupa suja e diz que o mal dos tucanos é “a prepotência”. Em sua avaliação, “O PSDB está indo para Nova York discutir o Brasil. Curioso, né?”.
Maurício Reimberg – Carta Maior
SÃO PAULO - “Partido prepotente”, que “não gosta de dividir o poder”. A crítica, vinda do Partido da Frente Liberal (PFL), contém um elemento inusitado. O alvo dos ataques é o PSDB, tradicional aliado político desde 1994. O deputado estadual José Caldini Crespo (PFL), presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa de São Paulo, afirma que “tucanos xiitas” relutam em aceitar o PFL como “efetivo parceiro”. Crespo é autor do requerimento para a formação de CPI com a finalidade de auxiliar o Ministério Público na investigação de 973 contratos irregulares firmados pela administração estadual entre 1997 e 2005, durante a gestão Covas e Alckmin. Todos os contratos foram considerados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Metrô (Companhia do Metropolitano), Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), Desenvolvimento Rodoviário (Dersa), Companhia de Saneamento Básico (Sabesp) e Banco Nossa Caixa (NCNB) foram os setores da administração estadual que mais irregularidades cometeram. Crespo estima que o prejuízo ao tesouro paulista pode chegar a R$ 2 bilhões.O atrito atingiu o seu ápice após os recentes ataques do PCC, em São Paulo. O atual governador Cláudio Lembo (PFL) reclamou da falta de solidariedade dos tucanos diante dos incidentes. Em entrevista à Carta Maior, Crespo explica a maior crise da história da aliança PSDB-PFL.
CM - O PFL há mais de dez anos tem uma aliança nacional com o PSDB. Só que, na última eleição para a Mesa diretora da Assembléia paulista, o partido se rebelou e elegeu Rodrigo Garcia presidente. Queria que o senhor contasse um pouco dessa mudança. Para onde ela caminha?
CC - Na campanha eleitoral de 1994, quando se elegeu pela primeira vez o governador Mario Covas, o PFL se alinhou ao PSDB. Foi uma aliança absoluta, mas não significa que o PFL tenha a obrigação de estar sempre coadjuvando o PSDB. Na eleição para a mesa diretora da Assembléia, o deputado Rodrigo Garcia lançou-se com nosso apoio. Sofremos todo tipo de retaliações do governo, principalmente do secretário Arnaldo Madeira. Ele cometeu desatinos, um atrás do outro, durante o processo eleitoral. O Palácio nos tratou como subordinados. O deputado Edson Aparecido [o candidato oficial] perdeu por um voto. O PFL, nestes últimos dez anos, ajudou o governo até em momentos de desgaste, mas não fomos reconhecidos. Também percebemos que o PSDB não nos trata como parceiros. Eles não aceitaram a derrota. Que raio de derrota foi essa? Ganhou um deputado da situação, do governo, que era parceiro! E tem feito serviços melhores do que qualquer deputado tucano fez nos biênios anteriores. Nós nos sentimos magoados pela forma prepotente do PSDB, a partir do senhor Madeira, mas também por outro grupo de tucanos. Há tucanos razoáveis e tem tucanos muito xiitas, que não aceitam o PFL como efetivo parceiro.
CM - É o caso de ruptura?
CC - Pelo menos neste ano, não. Nossa insatisfação não é no campo ideológico e programático. O PSDB tornou-se, cada vez mais, um partido que não quer dividir o poder. Quando surgiu um primeiro momento delicado, cadê os tucanos? Sumiram. Covas e Alckmin vinham dizendo que não havia PCC, que era um problema lá do Rio de Janeiro. Se fosse há dez anos atrás, você poderia resolver o problema com menos dificuldades. Esse foi o desabafo do professor Lembo. Quando estávamos ao lado deles, nos desgastando, eles mal agradeceram. Agora, em que poderiam estar do nosso lado, eles desapareceram. Nem telefonema deram. Se os tucanos não tomarem um banho de humildade, a ferida vai aumentar e um dia poderá haver uma ruptura.
CM - O senhor disse que essa ferida foi aberta pela prepotência e pela subordinação.
CC - Mas não a nossa subordinação. Eles nos enxergam como coadjuvantes. Hoje isso ficou mais claro. Somos parceiros do mesmo nível, ou seja, quando as circunstâncias ensejam o PFL ser presidente da Assembléia, eles deveriam ter aceitado isso. Pelo menos uma vez em cinco, desde o início do governo Covas. Eu votei cinco vezes em candidatos tucanos para presidente da Assembléia. Por que um parceiro não poderia ser o presidente? É uma parceria que vai mal.
CM - Há aliança entre o PFL e o PT dentro da Assembléia?
CC - Nunca houve. O PFL de São Paulo segue a orientação nacional. É adversário figadal do PT. O PT votou no Rodrigo Garcia. Não sei se eles tiveram que pedir ordem para a direção nacional. Houve um acordo para a composição da mesa. Não foi uma aliança. O PT, em biênios do PSDB, já fazia parte da mesa, porque é uma grande bancada. O princípio da proporcionalidade é algo a ser observado. O PT participa no segundo cargo, que é o de primeiro secretário. A pergunta poderia ser dirigida ao PT: por que o partido votou no Rodrigo? Nós continuamos adversários, mas soubemos nos unir para evitar o mal maior na ocasião, que seria a eleição do Edson Aparecido.
CM - Em plano nacional, essas mudanças sinalizam que o PFL está buscando um melhor lugar na chapa do PSDB, com o Alckmin, ou existe a possibilidade de se tentar um vôo solo?
CC - A amarração nacional é muito complexa. Pela verticalização, todos os partidos dependem de superar problemas nos Estados também. Em termos da campanha nacional, já está praticamente sacramentado. O José Jorge deverá ser o nosso candidato à vice. Para ganhar ou para perder. Alckmin não vai indo bem nas pesquisas. Ao que tudo indica, vamos perder a eleição presidencial, mas vamos ficar como parceiros. Se o barco afundar, nós vamos afundar junto com Alckmin. Só que a recíproca, infelizmente, não tem sido verdadeira.
CM - O senhor preferiria que o PFL tivesse candidato próprio a presidente?
CC - Sempre acho que é bom, mas estarei na campanha do Alckmin. Ainda não engoli, até hoje, aquela má-fé do Serra contra a Roseana Sarney. Ela seria hoje a presidente do Brasil, não fossem aquelas atitudes. Ela foi inocentada depois de alguns meses. Agora o Serra será o nosso candidato a governador. Tudo bem, política é como as nuvens do céu, a gente tem que se adaptar a isso. Já engoli esse sapo.
CM - Como o PSDB conseguiu barrar todos os pedidos de CPIs em São Paulo?
CC - O problema deles é a prepotência de boa-fé. Estão no governo há tanto tempo, que se consideram acima de qualquer suspeita. Isso não é verdade. Eles não são melhores que nenhum partido. Sou autor de uma dessas solicitações de CPI. Ela deve ser instalada, doa a quem doer, porque se ela for leviana, a sociedade e a mídia vão perceber, então a própria CPI será condenada. O regimento prevê que só possam existir cinco CPIs simultaneamente. Nós não temos nenhuma! A prepotência do PSDB nestes últimos anos coincide com a eleição do Rodrigo. No governo Covas os tucanos ainda não eram tão prepotentes. Tínhamos algumas CPIs que levantaram suspeitas sobre atitudes deles. Mas essa prepotência aumentou de tal forma, que eles realmente estão acreditando que são melhores do que os outros. Alguém tem de mostrar para eles. Nós estamos tentando, mas eles estão no poder. O Lembo está terminando um governo eleito há três anos atrás. Não seria ético ele fazer uma mudança radical. Equipes de tucanos estão lá, algumas vezes, trabalhando em favor de Alckmin, e não de Lembo.
CM - Quais as denúncias que justificam a instalação da sua CPI?
CC - Acabei me tornando, em razão da eleição do Rodrigo, o presidente da comissão mais importante da Casa, a Comissão de Finanças e Orçamento. Chegando lá, descobri estantes lotadas de processos do Tribunal de Contas, cuja função é analisar contratos de repartições estaduais. Eram quase mil documentos sobre irregularidades que estavam escondidos. Então, dei parecer em todos eles e os despachei para o Ministério Público, pedindo providências cíveis e criminais cabíveis. Na CDHU, principalmente, estavam as estripulias do senhor Goro Hama. Elas foram tão grandes, que o governador Covas, que o queria tão bem, deu sumiço nele. O Goro Hama não foi punido. Nem sei se ele mora no Brasil ainda. São 973 contratos irregulares levantados pelo TCE. Por que isso nunca veio a público? Porque o caminho eram os contratos irregulares levantados pelo TCE, mas os tucanos sempre mandaram na Assembléia. Não dá pra dizer que foi uma falha. É crime. Há todas as provas, são calhamaços de meio metro de altura, em cada um desses processos.
CM - Há desvio de verbas?
CC - Há superfaturamento e irregularidades na licitação. Algumas vezes, não se fez a licitação como deveria, outras vezes a licitação favorece uma empresa em relação à outra, o que também é crime. Em outros casos você superfatura, há aditivos maiores que 25%. Não sei qual vai ser a atitude do Geraldo Alckmin se a CPI for instalada e chegar nos seus resultados. De duas uma: ou ele assume pra si, ou vai dizer que não sabia de nada, vai colocar a culpa em alguém, o que também é possível. Que o governo dele cometeu crimes, cometeu, tenho certeza disso.
CM - O ex-governo Alckmin foi mal assessorado ou praticou atos de corrupção?
CC - Houve corrupção dentro do governo Alckmin. Pelo menos 973 casos garanto que teve, porque foram os que eu analisei. Agora, se o governador estava envolvido ou não, por enquanto não posso dizer. Por isso estou pedindo uma CPI.
CM - O governador Lembo, em suas últimas declarações, responsabilizou a burguesia paulista, dizendo que ela tem uma parcela de culpa pela recente crise na segurança. O que o senhor acha disso?
CC - Algumas pessoas vêem o governo como uma coisa apartada da sua realidade pessoal. Só que, no caso da criminalidade, ela afeta todos, aqueles que estão colaborando com o governo, e os demais que não estão colaborando. Não se trata de cobrar mais impostos. Todas as classes sociais, inclusive as mais abastadas, devem colaborar um pouco mais com o governo. Por exemplo, se envolvendo no terceiro setor. Não há mais dinheiro público. O terceiro setor é a solução. É aí onde entram as pessoas que o governador chamou de “elite branca”. Que a pessoa da classe A dê uma parte do seu tempo durante a semana colaborando com uma entidade assistencial, seja o Rotary Club, associação de moradores, clube de senhoras...
CM - E o que falta para a elite entrar em novos projetos políticos?
CC - Talvez faltasse um governador com o peso que esse cargo tem, com coragem de falar, até pra tomar porrada. O governador Lembo tomou porrada de algumas pessoas que não entenderam, e de outras que não deram o braço a torcer. Para elas, desde que estejam freqüentando o restaurante Massimo, comendo do bom e do melhor, carro blindado, o resto do mundo que se dane.
CM - O senhor acha que o governador Lembo vai contar com solidariedade do PSDB, daqui em diante, para colocar em prática os seus projetos?
CC - Sim. Sem o PFL, o PSDB não teria ganhado nenhuma eleição nos últimos dez anos, e não vai ganhar as próximas. Sem o PFL de vice do Alckmin ou do Serra, nenhum dos dois ganha. O Alckmin menos ainda, porque não está decolando nas pesquisas. Estaremos com ele para ganhar ou perder. Acho mais provável perder. Vamos afundar junto com Alckmin. Agora, alguns tucanos, que já não ajudavam antes, deram mais uma demonstração da prepotência nos últimos episódios. Estão indo para Nova York discutir problemas do Brasil. Curioso, né? Esse é o PSDB.

Paralelo entre eleição e Senhor dos Anéis

O PSDB seria a Torre de Barak-Dur e o PFL, a Torre de Orthanc. Ambos fazem uma aliança pelas trevas do liberal conservadorismo. ACM seria Saruman e Alckmin, Sauron.os veículos da mídia tucanopefelista, como Veja, Folha e Estado, seriam os Nazgul, espalhando o medo por onde passam.os tucano-pefelistas e mainardetes do Orkut e dos blogs seriam os trolls. Carregam em comum a tosquice.FHC e Aécio seriam os orcs que prenderam Frodo e ficaram brigando depois, facilitando a vida do inimigo.Lula seria Frodo, pois é corrompido com o passar do tempo. Os Hobbits seriam a ala sindical do PT, que gosta de beber e não são muito eruditos.O dossiê seria o anel. Achava-se que teria grandes poderes, mas seu uso foi sempre uma cagada tremenda. Boromir representaria a ala paulista suja do PT, ao insistentemente querer usar o anel.O PT gaúcho seria Aragorn, o macho do grupo.José Dirceu seria Denethor. Foi regente por muito tempo, fez muita besteira e teve um decadente fim.Kucinsky seria Gandalf. O conselheiro idoso mal-humorado.Maria da Conceição Tavares seria Galadriel. Idosa, tem profecias. A luz que oferece a Frodo e por ele muitas vezes é esquecida é o pensamento estruturalista-cepalino. Pena que MCT não tem a beleza da Cate Blanchet.O ataque à cidade branca seria a ofenciva tucana na reta final da eleição. Os cavaleiros de Rohan são alguns históricos militantes de esquerda, que estavam decepcionados com Lula e o PT, votaram nulo (como eu), ou no CB ou na HH, e agora no segundo turno, marcham em direção à Cidade Branca para se juntar as forças petistas e derrotas os orcs tucano-pefelistas.A vitória na Bahia seria a batalha no Forte das Trometas, prenúncio da vitória final.Gollum seria Vedoin. A dupla personalidade explica a comparação.

sexta-feira, outubro 06, 2006

O banho de ética de Alckmin

Lamento que esta campanha tenha virado uma gincana sobre quem consegue mais escândalos do adversários, mas como sempre a defesa da candidatura de Lula é refutada com o "tá, mais vai aprovar um ladrão?", listo várias notícias, de sites confiáveis, e não de correntes de e-mail, que mostram como Alcaimin seria um homem preparado para dar um banho de ética no país e para mostrar como ele leva a sério a sepração entre o público e o privado.

Ajudando os aliados: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u76962.shtml

Ingerência nas licitações da Nossa Caixa: http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=258037

Mais favorecimentos políticos: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77210.shtml

Ajudando o filho: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI957775-EI306,00.html

Ajudando a esposa Lu: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u77176.shtmlFAZENDO

Sucesso com o bem público- ajudando Chalita: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u117502.shtml

Barrando uma das CPIs
http://www.estadao.com.br/ultimas/nacional/noticias/2006/mar/28/345.htm http://www.terra.com.br/istoe/1927/brasil/1927_por_dentro_da_reportagem.htm http://www.terra.com.br/istoe/1927/brasil/1927_serra_e_os_vampiros.htm http://cartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=11307&editoria_id=4

quarta-feira, outubro 04, 2006

Agora é Lula

Por que vou votar nele

Sempre critiquei o governo Lula, antes mesmo de aparecerem todos os escândalos. Não repetindo a crítica de militantes de extrema-esquerda, como os dissidentes do PT, os fundadores do PSOL e os do PSTU. Mas influenciado pelo pensamento heterodoxo e desenvolvimentista do Instituto de Economia da Unicamp. Ao contrário dos citados militantes de extrema-esquerda, eu não me considero um revolucionário que critica o governo Lula por ser reformista. Eu sou um reformista que acredito em uma saída nacional-desenvolvimentista e considerava distorcidamente que Lula não seguia este caminho e que seu governo era uma cópia de FHC. Além disso, eu nunca gostei de certas condutas pessoais do presidente, como a de transformar a falta de instrução formal em virtude e a de ser um pouco hostil a intelectuais, principalmente aos de esquerda.
Bom, aí vieram os escândalos do mensalão, do caixa-2 e outros mais, e portanto, mais motivos para ficar decepcionado com Lula e o PT. Mas em compensação, descobri que as críticas que fazia ao governo anteriormente eram exageradas. É certo que Lula não correspondeu às expectativas de muitas pessoas que nele votaram. Gostaria que a política macroeconômica fosse conduzida de outra maneira, mas julgar a ideologia do governo apenas pelas operações fiscais e monetárias é um neokeynesianismo vulgar de manual. O governo Lula praticou elevado superávit primário e elevadas taxas Selic, mas isto não comprova que "foi tão conservador quanto o de FHC". Em algumas políticas setoriais, como o crédito de instituições oficiais, o governo Lula foi mais progressista. Houve avanço nas políticas sociais de transferência de renda, ao se unificar os vários programas criados na era FHC no Bolsa Família e ao expandir sua abrangência. Sem falar na política externa, em que foi enfatizada a integração com outros países em desenvolvimento e foi negada à adesão à Alca em qualquer condição.
Uma boa prova de que enxergar um governo apenas pela Macroeconomia é uma cegueira foram os dois governos de Getúlio Vargas. Enquanto muitas vezes as políticas fiscal e monetária pudessem ter sido consideradas "ortodoxas", o Estado brasileiro foi montado praticamente do zero. Foi racionalizada a administração pública através do Dasp, foram criadas a Vale do Rio Doce, a CSN, a Petrobrás e o BNDE, houve também a CLT. Tudo isso com Paloccis como Souza Costa, Horário Lafer e Oswaldo Aranha. Assim como o período atual, também havia a direita batendo de um lado, e alguns supostos extremistas de esquerda papagaiando o discurso da direita.
Anular o voto por rejeição à corrupção é uma posição que discordo, mas compreendo. Os casos de corrupção, embora condenáveis e tristes para quem há muito tempo vota no PT, estão longe de serem "os piores da história do Brasil" e não vão ser extintos com a eleição de um tucano, cujo partido também tem experiência em muitas das práticas condenáveis. Equívoco maior, porém, é anular o voto por achar que "Lula e Alckmin são igualmente neoliberais". Conforme explicado no parágrafo anterior, os dois têm diferenças relevantes. Lula pode ser criticado pela esquerda estatizante por não ter retomado uma maior intervenção do Estado na economia, mas pelo menos não prosseguiu no desmonte deste Estado. A vitória de Alckmin pode significar a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, ou pelo menos, a introdução irrestrita da lógica privada nestas instituições. Também pode significar a privatização das universidades federais, o arrocho salarial dos servidores públicos federais, a redução da quantidade de concursos públicos. Também pode significar à adesão à Alca de forma passiva. Sem falar no fim de direitos trabalhistas. Alckmin pode esconder estes objetivos em sua campanha, pois o candidato sequer divulgou uma versão detalhada de seu programa de governo. Mas tais objetivos são o que defendem os pensadores que defendem a candidatura do tucano. Dizer que o governo Lula é igual ao de FHC pode ser um exagero, mas tem até um fundo de verdade. Agora, certamente, o de Alckmin seria mais conservador do que ambos. Dizer não ao Alckimin é dizer não também ao reacionarismo tão presente hoje em dia na grande mídia e em círculos sociais da classe média. Nos anos 90, muitas pessoas de classe média achava bonito dizer "sou de esquerda". Hoje em dia se houve muito "não tem que ter direitos humanos para bandido" em almoços de família. Sobre a suposta ligação do ex-governador com a Opus Dei, acho um assunto pouco relevante. Já existem motivos de sobra para votar contra o Chuchu. A Opus Dei e ninguém tem nada a ver com isso.
Votei nulo no primeiro turno por não ter preferência entre Lula, Heloísa Helena e Cristóvam Buarque. Não votei no primeiro por causa das críticas já mencionadas. Já Heloísa Helena parece mais preocupada em sua carreira política pessoal do que em ter um conjunto coerente de idéias. Enquanto os radicais de seu partido rejeitaram o programa de César Benjamin, por considerá-lo "muito burguês", HH fez uma campanha "muito burguesa", centrando-se mais nas acusações de corrupção do que na defesa de bandeiras de esquerda. Já que HH não tinha chance de ganhar, poderia aproveitar a campanha para tencionar o debate político mais para a esquerda. Preferiu lutar por um ou outro votinho a mais da classe média despolitizada. Quanto ao Cristóvam, respeito-o muito, mas não gostei do "samba de uma nota só" da educação.
Na eleição para federal, votei na Soninha, para estadual, no Paulo Búfalo, para senador, no Suplicy, e para governador, no Plínio. Ou seja, votei em dois do PT e dois do PSOL. Nada vejo de construtivo nas briguinhas entre os dois partidos. As divergências devem ser expostas, mas bandeiras em comum devem ser defendidas em conjunto. Foi lamentável a decisão de HH de proibir militantes do PSOL a declararem publicamente apoio a Lula.
Bom, é isso o que tenho a dizer sobre a necessidade de apertar o 1, o 3 e depois o botão verde. Faço um apelo a todo mundo que odeia esse reacismo tão presente hoje em dia para convencer todas as pessoas que se consideram de esquerda a não anularem o voto no segundo turno. Pessoas da família, da faculdade, do trabalho. Se todo mundo que se considera de esquerda votar no Lula, a eleição está praticamente ganha, uma vez que não são apenas esquerdistas que votam nele.
Mãos à obra!
Obs. Lamento a eleição da ala suja do PT como João Paulo Cunha, Antônio Palocci, Ricardo Berzoini e José Genoíno. Enquanto isso, petistas decentes como Luciano Zica, Renato Simões e Soninha ficaram de fora. Fora a eleição de gente ótema de outros partidos, como Maluf, Russomano, Clodovil, Enéas e Valdemar da Costa Neto. É o esclarecido eleitorado paulista...