Agora é Lula
Por que vou votar nele
Sempre critiquei o governo Lula, antes mesmo de aparecerem todos os escândalos. Não repetindo a crítica de militantes de extrema-esquerda, como os dissidentes do PT, os fundadores do PSOL e os do PSTU. Mas influenciado pelo pensamento heterodoxo e desenvolvimentista do Instituto de Economia da Unicamp. Ao contrário dos citados militantes de extrema-esquerda, eu não me considero um revolucionário que critica o governo Lula por ser reformista. Eu sou um reformista que acredito em uma saída nacional-desenvolvimentista e considerava distorcidamente que Lula não seguia este caminho e que seu governo era uma cópia de FHC. Além disso, eu nunca gostei de certas condutas pessoais do presidente, como a de transformar a falta de instrução formal em virtude e a de ser um pouco hostil a intelectuais, principalmente aos de esquerda.
Bom, aí vieram os escândalos do mensalão, do caixa-2 e outros mais, e portanto, mais motivos para ficar decepcionado com Lula e o PT. Mas em compensação, descobri que as críticas que fazia ao governo anteriormente eram exageradas. É certo que Lula não correspondeu às expectativas de muitas pessoas que nele votaram. Gostaria que a política macroeconômica fosse conduzida de outra maneira, mas julgar a ideologia do governo apenas pelas operações fiscais e monetárias é um neokeynesianismo vulgar de manual. O governo Lula praticou elevado superávit primário e elevadas taxas Selic, mas isto não comprova que "foi tão conservador quanto o de FHC". Em algumas políticas setoriais, como o crédito de instituições oficiais, o governo Lula foi mais progressista. Houve avanço nas políticas sociais de transferência de renda, ao se unificar os vários programas criados na era FHC no Bolsa Família e ao expandir sua abrangência. Sem falar na política externa, em que foi enfatizada a integração com outros países em desenvolvimento e foi negada à adesão à Alca em qualquer condição.
Uma boa prova de que enxergar um governo apenas pela Macroeconomia é uma cegueira foram os dois governos de Getúlio Vargas. Enquanto muitas vezes as políticas fiscal e monetária pudessem ter sido consideradas "ortodoxas", o Estado brasileiro foi montado praticamente do zero. Foi racionalizada a administração pública através do Dasp, foram criadas a Vale do Rio Doce, a CSN, a Petrobrás e o BNDE, houve também a CLT. Tudo isso com Paloccis como Souza Costa, Horário Lafer e Oswaldo Aranha. Assim como o período atual, também havia a direita batendo de um lado, e alguns supostos extremistas de esquerda papagaiando o discurso da direita.
Anular o voto por rejeição à corrupção é uma posição que discordo, mas compreendo. Os casos de corrupção, embora condenáveis e tristes para quem há muito tempo vota no PT, estão longe de serem "os piores da história do Brasil" e não vão ser extintos com a eleição de um tucano, cujo partido também tem experiência em muitas das práticas condenáveis. Equívoco maior, porém, é anular o voto por achar que "Lula e Alckmin são igualmente neoliberais". Conforme explicado no parágrafo anterior, os dois têm diferenças relevantes. Lula pode ser criticado pela esquerda estatizante por não ter retomado uma maior intervenção do Estado na economia, mas pelo menos não prosseguiu no desmonte deste Estado. A vitória de Alckmin pode significar a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, ou pelo menos, a introdução irrestrita da lógica privada nestas instituições. Também pode significar a privatização das universidades federais, o arrocho salarial dos servidores públicos federais, a redução da quantidade de concursos públicos. Também pode significar à adesão à Alca de forma passiva. Sem falar no fim de direitos trabalhistas. Alckmin pode esconder estes objetivos em sua campanha, pois o candidato sequer divulgou uma versão detalhada de seu programa de governo. Mas tais objetivos são o que defendem os pensadores que defendem a candidatura do tucano. Dizer que o governo Lula é igual ao de FHC pode ser um exagero, mas tem até um fundo de verdade. Agora, certamente, o de Alckmin seria mais conservador do que ambos. Dizer não ao Alckimin é dizer não também ao reacionarismo tão presente hoje em dia na grande mídia e em círculos sociais da classe média. Nos anos 90, muitas pessoas de classe média achava bonito dizer "sou de esquerda". Hoje em dia se houve muito "não tem que ter direitos humanos para bandido" em almoços de família. Sobre a suposta ligação do ex-governador com a Opus Dei, acho um assunto pouco relevante. Já existem motivos de sobra para votar contra o Chuchu. A Opus Dei e ninguém tem nada a ver com isso.
Votei nulo no primeiro turno por não ter preferência entre Lula, Heloísa Helena e Cristóvam Buarque. Não votei no primeiro por causa das críticas já mencionadas. Já Heloísa Helena parece mais preocupada em sua carreira política pessoal do que em ter um conjunto coerente de idéias. Enquanto os radicais de seu partido rejeitaram o programa de César Benjamin, por considerá-lo "muito burguês", HH fez uma campanha "muito burguesa", centrando-se mais nas acusações de corrupção do que na defesa de bandeiras de esquerda. Já que HH não tinha chance de ganhar, poderia aproveitar a campanha para tencionar o debate político mais para a esquerda. Preferiu lutar por um ou outro votinho a mais da classe média despolitizada. Quanto ao Cristóvam, respeito-o muito, mas não gostei do "samba de uma nota só" da educação.
Na eleição para federal, votei na Soninha, para estadual, no Paulo Búfalo, para senador, no Suplicy, e para governador, no Plínio. Ou seja, votei em dois do PT e dois do PSOL. Nada vejo de construtivo nas briguinhas entre os dois partidos. As divergências devem ser expostas, mas bandeiras em comum devem ser defendidas em conjunto. Foi lamentável a decisão de HH de proibir militantes do PSOL a declararem publicamente apoio a Lula.
Bom, é isso o que tenho a dizer sobre a necessidade de apertar o 1, o 3 e depois o botão verde. Faço um apelo a todo mundo que odeia esse reacismo tão presente hoje em dia para convencer todas as pessoas que se consideram de esquerda a não anularem o voto no segundo turno. Pessoas da família, da faculdade, do trabalho. Se todo mundo que se considera de esquerda votar no Lula, a eleição está praticamente ganha, uma vez que não são apenas esquerdistas que votam nele.
Mãos à obra!
Sempre critiquei o governo Lula, antes mesmo de aparecerem todos os escândalos. Não repetindo a crítica de militantes de extrema-esquerda, como os dissidentes do PT, os fundadores do PSOL e os do PSTU. Mas influenciado pelo pensamento heterodoxo e desenvolvimentista do Instituto de Economia da Unicamp. Ao contrário dos citados militantes de extrema-esquerda, eu não me considero um revolucionário que critica o governo Lula por ser reformista. Eu sou um reformista que acredito em uma saída nacional-desenvolvimentista e considerava distorcidamente que Lula não seguia este caminho e que seu governo era uma cópia de FHC. Além disso, eu nunca gostei de certas condutas pessoais do presidente, como a de transformar a falta de instrução formal em virtude e a de ser um pouco hostil a intelectuais, principalmente aos de esquerda.
Bom, aí vieram os escândalos do mensalão, do caixa-2 e outros mais, e portanto, mais motivos para ficar decepcionado com Lula e o PT. Mas em compensação, descobri que as críticas que fazia ao governo anteriormente eram exageradas. É certo que Lula não correspondeu às expectativas de muitas pessoas que nele votaram. Gostaria que a política macroeconômica fosse conduzida de outra maneira, mas julgar a ideologia do governo apenas pelas operações fiscais e monetárias é um neokeynesianismo vulgar de manual. O governo Lula praticou elevado superávit primário e elevadas taxas Selic, mas isto não comprova que "foi tão conservador quanto o de FHC". Em algumas políticas setoriais, como o crédito de instituições oficiais, o governo Lula foi mais progressista. Houve avanço nas políticas sociais de transferência de renda, ao se unificar os vários programas criados na era FHC no Bolsa Família e ao expandir sua abrangência. Sem falar na política externa, em que foi enfatizada a integração com outros países em desenvolvimento e foi negada à adesão à Alca em qualquer condição.
Uma boa prova de que enxergar um governo apenas pela Macroeconomia é uma cegueira foram os dois governos de Getúlio Vargas. Enquanto muitas vezes as políticas fiscal e monetária pudessem ter sido consideradas "ortodoxas", o Estado brasileiro foi montado praticamente do zero. Foi racionalizada a administração pública através do Dasp, foram criadas a Vale do Rio Doce, a CSN, a Petrobrás e o BNDE, houve também a CLT. Tudo isso com Paloccis como Souza Costa, Horário Lafer e Oswaldo Aranha. Assim como o período atual, também havia a direita batendo de um lado, e alguns supostos extremistas de esquerda papagaiando o discurso da direita.
Anular o voto por rejeição à corrupção é uma posição que discordo, mas compreendo. Os casos de corrupção, embora condenáveis e tristes para quem há muito tempo vota no PT, estão longe de serem "os piores da história do Brasil" e não vão ser extintos com a eleição de um tucano, cujo partido também tem experiência em muitas das práticas condenáveis. Equívoco maior, porém, é anular o voto por achar que "Lula e Alckmin são igualmente neoliberais". Conforme explicado no parágrafo anterior, os dois têm diferenças relevantes. Lula pode ser criticado pela esquerda estatizante por não ter retomado uma maior intervenção do Estado na economia, mas pelo menos não prosseguiu no desmonte deste Estado. A vitória de Alckmin pode significar a privatização da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, ou pelo menos, a introdução irrestrita da lógica privada nestas instituições. Também pode significar a privatização das universidades federais, o arrocho salarial dos servidores públicos federais, a redução da quantidade de concursos públicos. Também pode significar à adesão à Alca de forma passiva. Sem falar no fim de direitos trabalhistas. Alckmin pode esconder estes objetivos em sua campanha, pois o candidato sequer divulgou uma versão detalhada de seu programa de governo. Mas tais objetivos são o que defendem os pensadores que defendem a candidatura do tucano. Dizer que o governo Lula é igual ao de FHC pode ser um exagero, mas tem até um fundo de verdade. Agora, certamente, o de Alckmin seria mais conservador do que ambos. Dizer não ao Alckimin é dizer não também ao reacionarismo tão presente hoje em dia na grande mídia e em círculos sociais da classe média. Nos anos 90, muitas pessoas de classe média achava bonito dizer "sou de esquerda". Hoje em dia se houve muito "não tem que ter direitos humanos para bandido" em almoços de família. Sobre a suposta ligação do ex-governador com a Opus Dei, acho um assunto pouco relevante. Já existem motivos de sobra para votar contra o Chuchu. A Opus Dei e ninguém tem nada a ver com isso.
Votei nulo no primeiro turno por não ter preferência entre Lula, Heloísa Helena e Cristóvam Buarque. Não votei no primeiro por causa das críticas já mencionadas. Já Heloísa Helena parece mais preocupada em sua carreira política pessoal do que em ter um conjunto coerente de idéias. Enquanto os radicais de seu partido rejeitaram o programa de César Benjamin, por considerá-lo "muito burguês", HH fez uma campanha "muito burguesa", centrando-se mais nas acusações de corrupção do que na defesa de bandeiras de esquerda. Já que HH não tinha chance de ganhar, poderia aproveitar a campanha para tencionar o debate político mais para a esquerda. Preferiu lutar por um ou outro votinho a mais da classe média despolitizada. Quanto ao Cristóvam, respeito-o muito, mas não gostei do "samba de uma nota só" da educação.
Na eleição para federal, votei na Soninha, para estadual, no Paulo Búfalo, para senador, no Suplicy, e para governador, no Plínio. Ou seja, votei em dois do PT e dois do PSOL. Nada vejo de construtivo nas briguinhas entre os dois partidos. As divergências devem ser expostas, mas bandeiras em comum devem ser defendidas em conjunto. Foi lamentável a decisão de HH de proibir militantes do PSOL a declararem publicamente apoio a Lula.
Bom, é isso o que tenho a dizer sobre a necessidade de apertar o 1, o 3 e depois o botão verde. Faço um apelo a todo mundo que odeia esse reacismo tão presente hoje em dia para convencer todas as pessoas que se consideram de esquerda a não anularem o voto no segundo turno. Pessoas da família, da faculdade, do trabalho. Se todo mundo que se considera de esquerda votar no Lula, a eleição está praticamente ganha, uma vez que não são apenas esquerdistas que votam nele.
Mãos à obra!
Obs. Lamento a eleição da ala suja do PT como João Paulo Cunha, Antônio Palocci, Ricardo Berzoini e José Genoíno. Enquanto isso, petistas decentes como Luciano Zica, Renato Simões e Soninha ficaram de fora. Fora a eleição de gente ótema de outros partidos, como Maluf, Russomano, Clodovil, Enéas e Valdemar da Costa Neto. É o esclarecido eleitorado paulista...
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