> Não sabe diferenciar um pé de milho e um pé de cana, mas acha que o Brasil é um país de vocação agrícola.
> Se considera um Messias, uma ilha de modernidade e sabedoria em um mar de atraso e ignorância que é o Brasil. Vê o Brasil, como um país dominado pelo “esquerdismo imbecilizante tupiniquim e jeca-tatu”. Considera como missão divina levar a Palavra da Salvação, ou seja, o liberalismo, através de blogs e fóruns de discussão de internet.
> Repete que câmbio e juros não tem nada a ver com crescimento, que para crescer o Brasil precisa das "reformas". Mas não sabe descrever o conteúdo das "reformas necessárias".
> Para ele, pessoas inteligentes no Brasil seriam apenas o Nelson Rodrigues, o Roberto Campos, o Mário Henrique Simonsen, o Paulo Francis e o Arnaldo Jabor. Tem vergonha de citar o Diogo Mainardi e o Reinaldo Azevedo, embora use freqüentemente os argumentos presentes nos textos destes dois articulistas.
> Considera o período do nacional-desenvolvimentismo como 50 anos de atraso. Progresso mesmo era com Campos Salles, Rodrigues Alves, Artur Bernardes e Washington Luís.
> Chora até hoje a derrota de 1932.
> Foi esquerdista em um passado recente, mas encontrou o liberalismo, assim como um neopetencostal encontrou Jesus.
> Defende a liberdade de escolha do consumidor, mas é contra a rotulação dos trangênicos.
> Acha que o Estado é ineficiente, mas presta concurso público quando percebe que ser contratado por uma empresa privada está difícil.
> Não se considera de direita porque é agnóstico, favorável ao casamento gay e ainda por cima, vê Sex and the City. Para ele, isto exclui a possibilidade de ser de direita. Além, esquerda e direita são atraso. E mais: esta dicotomia também estaria atrasada.
> Considera como os dois melhores presidentes que o Brasil já teve, o Castello Branco e o Fernando Henrique Cardoso. Mas só cita o segundo, para parecer mais moderno e politicamente correto.
> Classifica o governo JK como um período de 50 anos de inflação em 5. Pensa que é super inteligente ao fazer este trocadilho super engraçado.
> Adora um kinem. Os ortodoxos são sérios kinem as formigas e os heterodoxos são irresponsáveis kinem as cigarras. E o Estado deve ser kinem uma dona de casa: não deve gastar mais do que arrecada.
> Idolatra Hayek sem saber que ele não era ortodoxo.
> Gosta de mostrar-se como um homem mais sério e sensato que a maioria ao defender a decisão do BC de manter os juros altos. Se os integrantes do Copom decidem reduzir 0,25%, eles estão certos, se decidem reduzir 0,5%, idem, porque eles estão sempre certos. Afinal, a decisão sobre juros é técnica, e não política. Afinal, o BC tem métodos econométricos sofisticados. O problema é apenas conhecer estes métodos sofisticados.
> Acha que os 27,5% da alíquota superior do IR no Brasil é superior aos mais de 40% de qualquer país desenvolvido.
> Não tem opinião formada sobre Marx porque é economista e considera que Marx não escreveu sobre Economia.
> Torce pro São Paulo, mas só foi uma vez na vida pro Morumbi, em jogo de Libertadores, porque tem medo violência das outras torcidas brasileiras.
> Vê Manhattan Connection quase todo domingo e quando não consegue, grava o programa. Puxa em MP3 aquelas cantoras desconhecidas de jazz que aparecem nas vinhetas do intervalo.
> Idolatra “Clube da Luta”, “Encontros e Desencontros”, os filmes do Dogma 95 e os filmes do David Lynch. Considera todos esses filmes citados mais relevantes pra história do cinema do que o "E o vento levou", "Casablanca" e "Cidadão Kane".
> Não tem ouvido apurado o suficiente para diferenciar Nirvana de Foo Fighters, mas para parecer mais moderno, considera a primeira antiquada e a segunda cool.
> Não tem ouvido apurado o suficiente para diferenciar Pixies das bandas grunges, mas para parecer mais moderno, considera Pixies cool e as bandas grunge, coisa de gente suja.
> Defende o real valorizado porque elimina indústrias ineficientes (juízo feito sem conhecer direito balanço de uma empresa) e possibilita mais shows de bandas cool.
> Lamenta o fato das bandas mais cool não tocarem no Tim Festival de São Paulo, apenas no do Rio de Janeiro e no de Curitiba.
> Adora receber de presente CDs da seção World Music.
> Tem um cabelo pseudo-despenteado, uma barba pseudo-malfeita, veste roupas pseudo-desarrumadas e freqüenta bares pseudo-rústicos, como a Casa São Jorge e o Bar do Zé.
> Lê as revistas The Economist e The New Yorker, opina sobre todos os assuntos de política internacional, lamentando, principalmente a "onde de populismo na América Latina", mas não sabe quem é o presidente da Câmara dos Deputados do Brasil.
> Lamenta o fato da esquerda latino-americana não ser tão moderna quanto os democratas nos EUA e os trabalhistas no Reino Unido. Afirma que a única esquerdista séria na América Latina é a Bachelet.
> Só tem segurança em emitir uma opinião se ela também for defendida por um organismo internacional.
> Diz que os esquerdistas brasileiros que se modernizaram, porque entenderam o contexto global pós queda do muro de Berlim, só o Gabeira e o Jô Soares. Fora isso, são todos tupiniquins, jurássicos e jeca-tatu.