A Teoria dos Jogos e as filas do U2
A Teoria dos Jogos, elaborada por John Nash e Von Neumann, é uma peça muito importante da microeconomia. Esta teoria discute como serão as ações de indivíduos, que ao interagirem com os outros, buscam estratégias racionais de maximização do bem-estar. Estas interações de indivíduos são conhecidas como "jogos", e em alguns "jogos", uma estratégia cooperativa é mais eficiente para maximizar o bem-estar de todos os jogadores do que uma estratégia competitiva. Um exemplo clássico deste tipo de jogo é o "dilema dos prisioneiros". Imaginem dois prisioneiros que são suspeitos de um crime e serão interrogados separadamente. Se um, ao mesmo tempo, confessa e denuncia o outro, e o outro nega, quem confessou será imediatamente solto e quem negou será condenado a 10 anos de prisão. Se os dois confessam, cada um pegará cinco anos. Se os dois negam, cada um pegará apenas dois anos. Percebe-se que neste caso, qualquer que seja a estratégia do prisioneiro B, é melhor para o prisioneiro A assumir a estratégia competitiva, que é a de confessar. Isto porque se B confessa, A pegará dez anos de prisão se negar e cinco se confessar. Se B nega, A pegará dois anos de prisão se negar também e zero se confessar. Porém, negar é o resultado final mais eficiente para amvbos, porque desta forma, pegarão dois anos ao invés de cinco. Mas os jogadores só adotarão esta estratégia se tiverem possibilidade de combinar antes e se não quebrarem o pacto.
Quando eu vi que três dias antes do show do U2 já tem gente acampando próximo ao Morumbi, percebi que há um dilema semelhante ao dos prisioneiros. A estratégia competitiva é chegar cedo para conseguir um lugar perto do palco. Quem chegar num horário X, terá sempre utilidade maior do que quem chegar em um horário X+1 minuto, porque além de conseguir um lugar melhor, terá enfrentado apenas um minuto a mais de desconforto na fila. Isto incentiva as pessoas quererem formar a fila cada vez mais cedo. Mas assim como no caso dos prisioneiros, a estratégia de formar fila cedo acaba sendo estúpida para todos de uma maneira geral, porque prolonga o tempo de exposição a sol e chuva, sem a vantagem do lugar mais perto, já que todo mundo tem esta estratégia. Portanto, as pessoas que estão acampadas estão agindo de forma irracional.
Quanto à fatídica fila dos ingressos, acontecia mais ou menos esse dilema, mas com um adicional: quem chegasse tarde não tinha o problema de ficar longe, e sim de não conseguir o ingresso. Isto estimulou as pessoas a acamparem nas portas das lojas do Pão de Açúcar. Cheguei às 9 da manhã daquele dia e saí de mãos abanando. Mas no meu caso, o problema não foi de irracionalidade, e sim de incompetência dos desorganizadores na venda dos ingressos (ou faz um sistema de ingressos já impressos em poucos pontos de venda ou um sistema informatizado com muitos pontos, nunca o meio termo, com sistema informatizado e poucos pontos, porque neste caso, houe filas enormes e demora na impressão). E também é claro, problemas de desonestidade das pessoas que furaram fila ou fizeram a vovó comprar.
1 Comments:
pois é marcelo, infelizmente,nesse caso, devido à desorganização e à desonestidade....a vovó ainda era a melhor solução hein...
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