Considerações sobre a "esquerda das arábias"
A maior parte da esquerda historicamente defendeu o secularismo, a separação entre Estado e religião, e com razão se opõem à direita cristã dos Estados Unidos, quando esta deseja impor o ensino do “design inteligente” nas escolas e os programas anti-AIDS com base na abstinência sexual. Normalmente, a esquerda também se opõe à tentativa do Vaticano de bloquear os programas de distribuição de preservativos. Também considera absurdas as tentativas de censurar filmes como “A última tentação de Cristo” e “Dogma” (este último é uma m..., mas nada justifica censura). E acha, com toda razão, ridículos os pastores que temem o “Harry Potter” como o “filme do demônio”. Portanto, torna-se estranho quando alguns esquerdistas tentam justificar ou atenuar a ação de vândalos fanáticos que atacaram embaixadas para protestar contra a caricatura de Maomé publicada em um jornal dinamarquês.
Considerar que os islâmicos podem reagir de forma estúpida a uma brincadeirinha e os cristãos não, é um desrespeito principalmente aos primeiros. É uma visão implícita de que os islâmicos podem fazer malcriações porque esteses seriam crianças, mas dos cristãos se considera um comportamento correto, porque estes são adultos. Quem partilha desta visão de satanização dos cartunistas e tolerância com os vândalos também sustenta a desculpa de que “os islâmicos têm uma cultura diferente da ocidental, eles valorizam mais o sagrado, e nós devemos respeitar culturas diferentes”. Até aí tudo bem, respeitemos as culturas diferentes desde que circunscritas ao próprio espaço. Não podemos exigir que todos os países do Oriente Médio tenham estados laicos, porque isto normalmente não faz parte da cultura dos povos que lá residem, mas que a proibição à profanação de Maomé fique naquele espaço. O que não deve ser admitido é a exigência para que países ocidentais também proibam charges com aquele tipo de conteúdo. Foi este o espírito dos manifestantes que protestavam contra os governos dos países europeus, ao invés de protestar apenas contra os jornais que publicaram tais desenhos. É com este espírito que o governo do Irã viola a soberania de todos os países do mundo ao premiar aquele que assassinar o escritor Salman Rushdie.
Religiões devem ser respeitadas e incitações a violência contra praticantes de determinada religião devem ser proibidas. Agora, embora possa ter algum mau gosto fazer humor com Moisés, Buda, Jesus Cristo ou Maomé, todos estes têm uma dimensão histórica além da religiosa, e portanto, nada impede que haja sátiras a estes seres humanos, principalmente porque foram muito influentes na história da humanidade.
Não é só neste caso que vemos demonstração de alguma simpatia de certos esquerdistas ao fundamentalismo islâmico. Muitos consideram erroneamente que como o inimigo em comum são os Estados Unidos, “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Não são raras as expressões de simpatia pelo regime iraniano ou pelos militantes da Al-Quaeda que atuam no Iraque, considerados de forma inadequada como uma resistência nacional popular ao invasor. A atitude de Jaques Chirac de proibir o véu islâmico nas escolas francesas foi vista por alguns esquerdistas das arábias como um ato de intolerância aos imigrantes. Os críticos do presidente francês se esqueceram de que os crucifixos também foram proibidos. A medida nada teve a ver com discriminação, e sim com tentativa de evitar segregação religiosa das crianças e adolescentes. Sobre a questão Israel X Palestina. A esquerda deve sim apoiar a luta do povo palestino por um Estado, mas não a partir de uma perspectiva religiosa, e respeitando o direito de existência do estado de Israel.
O fundamentalismo islâmico é um movimento anticapitalista, porém é movimento reacionário, que tem como fim uma sociedade pré-capitalista, e não uma sociedade pós-capitalista. Nisto, existe uma certa semelhança com o fascismo, que quando foi forte nos anso tritna e quarenta, foi combatido pela união do socialismo com o liberalismo. Embora a união não fosse apenas ideológica e sim geopolítica, a ideologia contou bastante. Socialismo e liberalismo descendem do Iluminismo, já o fascismo e o fundamentalismo islâmico são anti-iluministas, que visam um mundo pré-Revolução Francesa.
Estes esquerdistas das arábias, quando escutam alguma crítica ao Islã, dizem prontamente que isto é propaganda da mídia ocidental pró-EUA. É verdade que muitas pessoas no Ocidente têm uma visão distorcida e preconceituosa sobre o Oriente Médio, muitas vez com influência da mídia, portanto, é preciso desfazer alguns mitos.
Quanto mais anti-Ocidente se posicionar o regime do pais do Oriente Médio, mais fanático religioso será internamente e maior será a opressão sobre as mulheres.
O regime do Irã pré-1979 era livre e progressista.
Os sunitas são os moderados e os xiitas são os radicais.
Os muçulmanos são cortadores de clitóris.
Em relação ao primeiro, deve ser lembrado que a Arábia Saudita, com sua monarquia aliada aos Estados Unidos é um dos mais opressores regimes em termos de religião. Sobre o segundo, deve ser lembrado que o regime de Khomeini proibia as mulheres de usar o véu. Sobre o terceiro, deve ser lembrado que o Taleban e a Al-Quaeda são sunitas. E sobre o quarto, deve ser lembrado que a circuncisão feminia é uma prática tradicional de muitas tribos antigas, nada tendo a ver especificamente com o Islã.
Outro mito que existe além destes, é que todos os islâmicos são fanáticos, o que não é verdade. Mas alguns são realmente fanáticos, e portanto, não devem contar com a menor simpatia ou tolerância da esquerda.
Considerar que os islâmicos podem reagir de forma estúpida a uma brincadeirinha e os cristãos não, é um desrespeito principalmente aos primeiros. É uma visão implícita de que os islâmicos podem fazer malcriações porque esteses seriam crianças, mas dos cristãos se considera um comportamento correto, porque estes são adultos. Quem partilha desta visão de satanização dos cartunistas e tolerância com os vândalos também sustenta a desculpa de que “os islâmicos têm uma cultura diferente da ocidental, eles valorizam mais o sagrado, e nós devemos respeitar culturas diferentes”. Até aí tudo bem, respeitemos as culturas diferentes desde que circunscritas ao próprio espaço. Não podemos exigir que todos os países do Oriente Médio tenham estados laicos, porque isto normalmente não faz parte da cultura dos povos que lá residem, mas que a proibição à profanação de Maomé fique naquele espaço. O que não deve ser admitido é a exigência para que países ocidentais também proibam charges com aquele tipo de conteúdo. Foi este o espírito dos manifestantes que protestavam contra os governos dos países europeus, ao invés de protestar apenas contra os jornais que publicaram tais desenhos. É com este espírito que o governo do Irã viola a soberania de todos os países do mundo ao premiar aquele que assassinar o escritor Salman Rushdie.
Religiões devem ser respeitadas e incitações a violência contra praticantes de determinada religião devem ser proibidas. Agora, embora possa ter algum mau gosto fazer humor com Moisés, Buda, Jesus Cristo ou Maomé, todos estes têm uma dimensão histórica além da religiosa, e portanto, nada impede que haja sátiras a estes seres humanos, principalmente porque foram muito influentes na história da humanidade.
Não é só neste caso que vemos demonstração de alguma simpatia de certos esquerdistas ao fundamentalismo islâmico. Muitos consideram erroneamente que como o inimigo em comum são os Estados Unidos, “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Não são raras as expressões de simpatia pelo regime iraniano ou pelos militantes da Al-Quaeda que atuam no Iraque, considerados de forma inadequada como uma resistência nacional popular ao invasor. A atitude de Jaques Chirac de proibir o véu islâmico nas escolas francesas foi vista por alguns esquerdistas das arábias como um ato de intolerância aos imigrantes. Os críticos do presidente francês se esqueceram de que os crucifixos também foram proibidos. A medida nada teve a ver com discriminação, e sim com tentativa de evitar segregação religiosa das crianças e adolescentes. Sobre a questão Israel X Palestina. A esquerda deve sim apoiar a luta do povo palestino por um Estado, mas não a partir de uma perspectiva religiosa, e respeitando o direito de existência do estado de Israel.
O fundamentalismo islâmico é um movimento anticapitalista, porém é movimento reacionário, que tem como fim uma sociedade pré-capitalista, e não uma sociedade pós-capitalista. Nisto, existe uma certa semelhança com o fascismo, que quando foi forte nos anso tritna e quarenta, foi combatido pela união do socialismo com o liberalismo. Embora a união não fosse apenas ideológica e sim geopolítica, a ideologia contou bastante. Socialismo e liberalismo descendem do Iluminismo, já o fascismo e o fundamentalismo islâmico são anti-iluministas, que visam um mundo pré-Revolução Francesa.
Estes esquerdistas das arábias, quando escutam alguma crítica ao Islã, dizem prontamente que isto é propaganda da mídia ocidental pró-EUA. É verdade que muitas pessoas no Ocidente têm uma visão distorcida e preconceituosa sobre o Oriente Médio, muitas vez com influência da mídia, portanto, é preciso desfazer alguns mitos.
Quanto mais anti-Ocidente se posicionar o regime do pais do Oriente Médio, mais fanático religioso será internamente e maior será a opressão sobre as mulheres.
O regime do Irã pré-1979 era livre e progressista.
Os sunitas são os moderados e os xiitas são os radicais.
Os muçulmanos são cortadores de clitóris.
Em relação ao primeiro, deve ser lembrado que a Arábia Saudita, com sua monarquia aliada aos Estados Unidos é um dos mais opressores regimes em termos de religião. Sobre o segundo, deve ser lembrado que o regime de Khomeini proibia as mulheres de usar o véu. Sobre o terceiro, deve ser lembrado que o Taleban e a Al-Quaeda são sunitas. E sobre o quarto, deve ser lembrado que a circuncisão feminia é uma prática tradicional de muitas tribos antigas, nada tendo a ver especificamente com o Islã.
Outro mito que existe além destes, é que todos os islâmicos são fanáticos, o que não é verdade. Mas alguns são realmente fanáticos, e portanto, não devem contar com a menor simpatia ou tolerância da esquerda.
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